domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sem pressa de alfabetizar - Pais e escola devem respeitar o ritmo das crianças durante o processo de aprendizagem.


De olho em um livro com letras fixadas por uma espiral, Lucca, Rafael e Paula escolhem os sinais gráficos que representam seus nomes. Eles pensam, folheiam as páginas e gastam segundos para formar uma palavra completa. Depois, estimulados pelas pedagogas da escola de Educação Infantil, participam de um jogo da forca, olham imagens e escrevem o nome de cada um dos bichos. As atividades fazem parte de exercícios de alfabetização, mas o curioso é que, aos cinco anos, eles já sabem muito e recém começaram o ano na pré-escola.
Desde a mudança curricular, que aumentou o número de anos (de oito para nove) do Ensino Fundamental e antecipou para os seis anos a entrada na 1ª série, histórias semelhantes são cada vez mais comuns nas salas de aulas dos pequenos. Mas será que vale a pena ensiná-los a ler e escrever antes do ingresso no Ensino Fundamental?
Na verdade, não há comprovação científica de que a alfabetização precoce deixe a criança mais inteligente que os colegas. O que pode existir é um interesse maior delas pelo mundo das letras quando têm contato desde cedo com recursos ligados às diferentes formas de expressão.
– Os pais das crianças de zero a seis anos associam escola à alfabetização. Acham que elas vão à escola apenas para ler e escrever, por isso é colocado um peso grande na leitura e escrita com palavras. Isso é um equívoco – diz o pedagogo Gabriel de Andrade Junqueira Filho, doutor em Educação e professor da Faculdade de Educação da UFRGS.
Para ele, alfabetizar é um processo que começa desde o nascimento do bebê e se dá a partir da interação com múltiplas e diferentes linguagens, como, por exemplo, brincar, cantar, desenhar, ouvir e criar histórias. Por meio delas, a criança vai descobrindo o mundo, inclusive o das palavras, interessando-se por elas e compreendendo a importância de se alfabetizar.
Para evitar fazer do processo de aprendizagem uma lição desagradável, é preciso atenção e sensibilidade dos pais e da escola, pois cada criança tem uma relação específica com a escrita, que precisa ser conhecida, explorada e encaminhada. Portanto, senhores pais, nada de pressa e atropelos com as crianças! É preciso calma e saber sempre que os pequenos, assim como os adultos, organizam e investem suas energias sempre que algo lhes faz sentido. Com o aprendizado da leitura e da escrita isso funciona da mesma forma.
Passo a passo:Por mais que os pais queiram incentivar os filhos em idade escolar a escrever, cada criança tem um tempo, que depende das etapas do desenvolvimento motor e psicológico e do convencimento de cada um sobre o sentido desse aprendizado. Assim, eles se mostrarão preparados quando tiverem interesse e curiosidade pelo alfabeto, por histórias e por tudo aquilo que se representa de forma escrita. Para chegar nesta fase, os pequenos precisam e podem ser estimulados desde o berçário.
Questão de hábito: Ler, escrever recados, folhear livros e contar histórias para os filhos são os primeiros exemplos e incentivos que pais e mães podem dar às crianças se quiserem vê-las interessadas em conhecer o mundo das letras. Durante o processo de aprendizagem, os pequenos costumam imitar os atos dos pais. Portanto, se a família tem o costume de estudar, ler e escrever, provavelmente os filhos desejarão imitá-la.

Professora Susane Moreira do Nascimento.
1º ano – Horto – 2009.
Este artigo é do jornal Zero Hora – 16 de março de 2009 – nº 15909.

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