quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sexualidade na primeira infância.


Segundo Freud, por volta dos 3 anos a criança passa da fase anal onde aprende a controlar as necessidades fisiológicas, para fase fálica, onde descobre se tem ou não pênis.
Trata-se da descoberta da presença ou ausência dele. Com isso surge a diferenciação pelo sexo e o interesse pelo próprio corpo. É uma fase de descobertas que coincide com a fantasia e o faz de conta.
É por volta dos 4 anos que o lúdico e o faz de conta estão no auge, assim como a curiosidade a respeito do próprio corpo.
Por isso crianças brincam de família, de personagens e de heróis, independente do gênero, pois se projetam no outro por terem adquirido a consciência de que existe o outro.
Nesta etapa algumas mães ficam preocupadas por seus filhos quererem brincar com bonecas ou suas filhas querem brincar com carrinho ou bola. Pode ser preocupante como pode ser normal.
A criança de 4 / 5 anos dramatiza as situações cotidianas e também as absurdas. Num momento o menino é o pai que dá banho no bebê (super normal se o pai dele dá banho nele) e no outro a menina vira a Super Gata ou outra heroína para lidar com os conflitos da idade.
Isso não tem nada a ver com desvios de sexualidade.
Capítulo a parte são os bonecos de personagens.
Em uma pesquisa realizada com 62 famílias de classes A, B, C e D com filhos entre 1,5a 6 anos, 19% das crianças das classes A e B pedem bonecos de personagens sendo atendidos por seus pais, enquanto 44% das crianças das classes C e D fazem o pedido, mas somente 28% são atendidos. Mesmo assim, são números consideráveis que mostram o quanto a criança de hoje está mais perto de seus personagens preferidos, tendo nos bonecos a materialização da fantasia. Nesta categoria, não existe feminino e masculino, e sim a turma. Qual a graça de brincar só com a Mônica sem o Cebolinha e vice versa ?
O fenômeno do momento no universo infantil masculino é o Ben 10. Sem a Gwen (prima com quem o menino disputa o tempo todo) não há brincadeira completa, assim como não dá para brincar sem os aliens em que ele se transforma. É um conjunto que forma a fantasia e enriquece o repertório.
Alguns psicólogos e pedagogos acabam orientando as mães pelo modelo clássico, e sugerem que se o menino ou a menina tem comportamento ou deseja brinquedos originalmente destinados ao sexo oposto, que ele ou ela seja colocado em maior contato com pessoas e objetos do seu próprio sexo. Concordo parcialmente com isso. Se todo herói tem uma amada, porque o menino não pode ter os dois bonecos?
Se a maioria das mulheres dirige, porque a menina não pode brincar de carrinho?
Quando houve a campanha das Meninas Super Poderosas no McDonalds, muitos meninos quiseram e seus pais não deixaram, sem saber que apesar de meninas, são personagens masculinos por serem aventureiras e heroínas. O fato de serem meninas é só um mero detalhe comercial para agradar também ao público feminino.
Vivemos hoje uma mudança nas estruturas comportamentais da sociedade. Quando estudei os contos de fadas encontrei vários psicólogos contra o modelo de mulher frágil e passiva, mas estes mesmos profissionais recriminam a menina que brinca de bola ou gosta de futebol. Se pensarmos pelo lado bom, no mínimo quando ela se casar (com um homem !!!) não haverá briga pelo controle remoto pois os dois assistirão ao futebol sem discussões.
Feminilidade e masculinidade estão ligados a uma orientação saudável e aos hormônios.
Um menino não deixa de ser menino se ao brincar dá banho no bebê ou seu herói tem namorada e uma menina não deixará de ser feminina se gostar de futebol. O que vejo aqui é uma incongruência de idéias. Crianças são crianças e hoje infelizmente isso acaba por volta dos 7 anos quando as meninas já querem ser mulheres.
É preciso levar em conta também que as referências mudaram com mães que trabalham fora e pais mais presentes. Ou seja, os modelos são outros. Educa bem quem percebe isso.
A criança é um reflexo da família e se seu filho vê você fazendo alguma coisa vai querer imita-lo. Por isso cabe a nós como pais orientá-lo do que podem ou não fazer. Menino dar banho no bebê pode, passar batom não. Menina jogar bola pode, xingar não. E assim por diante.
Acredito muito nesta geração criada com mais consciência e informação. Torço por "nossos filhos" e que eles, sem preconceitos, possam fazer do mundo um lugar melhor para se viver.

Fonte: http://vivianbraunstein.blogspot.com

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